GULLAR, Ferreira. Barulho. IN: Toda poesia (1950-1999). 10ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 2001. p.373
Todo poema é feito de ar
apenas:
a mão do poeta
não rasga a madeira
não fere
o metal
a pedra
não tinge de azul
os dedos
quando escreve amanhã
ou brisa
ou blusa
de mulher.
O poema
é sem matéria palpável
tudo
o que há nele
é barulho
quando rumoreja
ao sopro da leitura.
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