Porque as Bibliotecas e os bibliotecários se mantém extremamente importantes.
33 RAZÕES: Não precisa ler todas as razões. Escolha três ou quatro se quiser, verá que bastam poucas delas pra te convencer da importância indiscutível dessa instituição.
33 RAZÕES: Não precisa ler todas as razões. Escolha três ou quatro se quiser, verá que bastam poucas delas pra te convencer da importância indiscutível dessa instituição.
A sociedade não está pronta para abandonar a biblioteca, e provavelmente nunca estará. Bibliotecas podem adaptar-se as mudanças sociais e tecnológicas, mas elas não são substituíveis. Enquanto que as bibliotecas são distintas da internet, os bibliotecários são os melhores profissionais para guiar acadêmicos e cidadãos para um melhor entendimento de como encontrar informação de valor online. Certamente, existe muita informação online. Mas ainda existe muita informação em papel. Ao invés de galopar cegamente através da era digital, guiado apenas pelos interesses corporativos da economia da web, a sociedade deveria adotar uma cultura de guias e sinalizações. Hoje, mais do que nunca, as bibliotecas e os bibliotecários são extremamente importantes para a preservação e melhoria da nossa cultura.
Will
Sherman
Muitos
acreditam que a era digital irá acabar com as estantes públicas e
extinguir permanentemente a era centenária das bibliotecas. A
desconcertante proeza e progresso da tecnologia fez até um
bibliotecário prever a queda da instituição.
Conforme a relevância
das bibliotecas entra em questão, elas encaram uma crise existencial
em uma época onde elas talvez sejam mais necessárias. Apesar de sua
percebida obsolescência em uma era digital, tanto bibliotecas –
quanto bibliotecários – são insubstituíveis por várias razões.
33, de fato. Nós as listamos aqui:
1.
Nem tudo está disponível na Internet
O
incrível volume de informação útil na Web tem, para alguns,
engendrado a falsa premissa de que tudo pode ser encontrado online.
Isso simplesmente não é verdade. O Google Book Search reconhece
isso. Por isso eles tomaram a tarefa monolítica de digitalizar
milhões de livros das maiores bibliotecas do mundo. No entanto,
mesmo que o Google consiga com sucesso digitalizar toda a soma dos
conhecimentos humanos ela é diferente da soma dos autores e editores
contemporâneos que não permitem que suas obras sejam gratuitamente
acessíveis na Internet. Já é proibido por lei disponibilizar
livremente no Google Book Search os livros com direitos autorais
vigentes; apenas partes. E levará muito tempo antes que o bestseller
recomendado pelo New York Times seja disponibilizado gratuitamente na
Internet: as leis de direitos autorais atuais protegem as obras por
70 anos após a morte do autor. Mesmo algumas obras sob domínio
público sofrem algumas restrições. Se uma cópia sem copyright
incluir prefácio, introdução ou apêndices que ainda estejam sob
copyright, a obra toda fica sob o status de copyright.
2.
Bibliotecas digitais não são a Internet
Um
entendimento fundamental do que a Internet é – e do que ela não é
– pode ajudar mais claramente a definir o que uma biblioteca é e
por que bibliotecas ainda são extremamente importantes. A Elmer E.
Rasmuson Library da Universidade do Alaska em Fairbanks deixou clara
a diferença entre “Coleções Online” e “Fontes Web”. A
Internet, seu site explica, é uma massa larga de materiais não
publicados produzidos por organizações, empresas, indivíduos,
projetos experimentais, webmasters, etc. “Coleções Online”,
todavia, são diferentes. São tipicamente oferecidas por bibliotecas
e incluem materiais que foram publicados por meio de rigoroso
processo editorial. Trabalhos selecionados para inclusão em um
catálogo de bibliotecas passaram pelo veto de uma equipe
qualificada. Os tipos de materiais incluem livros, periódicos,
documentos, jornais, revistas e relatórios que foram digitalizados,
armazenados e indexados em uma base de dados de acesso limitado.
Mesmo que alguém use a Internet ou um motor de busca para encontrar
estas bases de dados, o acesso mais avançado requer registro. Você
ainda está online, mas não vai muito longe na Internet. Você está
em uma biblioteca.
3.
A internet não é livre
Embora
o Projeto Gutenberg alardeie 20.000 e-books para downloadgratuito
em sua homepage, somos imediatamente lembrados que esses livros
são acessíveis apenas porque eles não estão mais sob direitos
autorais. E os livros são apenas a ponta do iceberg. Numerosos
trabalhos de pesquisa acadêmica, revistas e outros materiais
importantes são praticamente inacessíveis para alguém tentar
obtê-los de graça na web. Em vez disso, o acesso é restrito a
assinaturas caras, que são normalmente pagas por bibliotecas.
Visitar a biblioteca, pessoalmente, ou acessar a biblioteca por meio
de sua conta de membro, é, portanto, a única maneira de se obter
acesso a recursos documentais essenciais.
4.
A internet complementa as bibliotecas, mas não as substitui
Para
orientar as pessoas a achar informação, a Universidade de Long
Island fornece uma explicação útil de quais tipos de recursos
podem ser acessados por meio da biblioteca. Estes incluem notícias,
periódicos, livros e outros recursos. Curiosamente, a World Wide Web
está entre estes recursos como mais um meio para encontrar
informações. Mas não é uma substituta. A página diferencia e
explica as vantagens das bibliotecas em relação à busca pela
internet. Cita os benefícios da internet, incluindo “amostras de
opinião pública”, uma coletânea de “fatos rápidos” e “uma
ampla gama de idéias”. De forma geral, o ponto é bem correto:
bibliotecas são instituições completamente diferentes da web. Sob
essa ótica, falar sobre uma substituindo a outra começa a parecer
absurdo.
5.
Bibliotecas escolares e bibliotecários melhoram as pontuações
médias dos estudantes em testes
Um
estudo de 2005 das Bibliotecas Escolares do Illinois mostra que os
estudantes que visitam frequentemente bibliotecas escolares com
acervos bem abastecidos e com boa equipe terminam com pontuações
mais altas em testes ACT e um melhor desempenho em exames de leitura
e escrita.
Interessantemente,
o estudo aponta que a tecnologia de acesso digital desempenha um
papel importante nos resultados dos testes, observando que “escolas
com computadores que se conectam aos catálogos de bibliotecas e
bases de dados obtêm uma média de 6,2% de melhora nas pontuações
de testes ACT”.
6.Digitalização
não significa destruição
A
avidez com que as bibliotecas investiram na parceria com o Google
Book Search não é o trabalho de uma mentalidade impulsiva.
Bibliotecas incluindo a Universidade de Oxford, da Universidade de
Michigan, Harvard, da Universidade Complutense de Madri, a Biblioteca
Pública de Nova York, a Universidade do Texas, da Universidade da
Califórnia e muitos outros se uniram ao projeto do Google, em vez de
evitá-lo. Na abertura de seus acervos, essas bibliotecas terão
todos os seus livros eletronicamente disponíveis para seus usuários.
Embora se possa esperar que livros sem direitos autorais, que em
muitas ocasiões são totalmente disponíveis ao público, os
materiais protegidos por direitos autorais – incluindo assinaturas
de periódicos – ainda serão mantidos sob acesso restrito. A razão
para isto é, em parte, porque as cláusulas indenizatórias do
Google Book Search não chegam muito longe; o Google Book Search não
isenta as bibliotecas de qualquer responsabilidade que possa incorrer
caso elas ultrapassem os limites do direito autoral. E há uma causa
real para esta cautela – o Google Book Search está enfrentando
atualmente dois processos importantes de autores e editores.
7.
Na verdade, digitalização significa sobrevivência
Daniel
Greenstein da Universidade da Califórnia cita uma razão prática
para a digitalização de livros: em formato eletrônico os livros
não estão vulneráveis aos desastres naturais ou à “pulverização”
causada pelo tempo. Ele ainda cita a destruição de bibliotecas pelo
furacão Katrina como um importante lembrete da vulnerabilidade da
“memória cultural”.
8.
A digitalização levará algum tempo. Um bom tempo.
Enquanto
a digitalização desenvolveu um ar de movimento incessante
rapidamente acabando com as paredes das bibliotecas e expondo
tesouros intocados, ela está bastante longe de alcançar seu
objetivo. Com um número estimado de 100 milhões de livros impressos
desde a invenção da imprensa, o processo dificilmente fez
progresso. Digitalizar é caro e complicado, e até então o milhão
de livros digitalizados do Google é apenas uma gota no oceano. “A
maior parte da informação”, diz Jens Redmer, o diretor europeu do
Google Book Search, “está fora da internet”.
Mas
quanto tempo levará para indexar o conhecimento do mundo todo? Em
2002, Larry Page disse que o Google poderia digitalizar
aproximadamente sete milhões de livros em seis anos. Desde 2004 o
Google Book Search tem lidado com uma série de encaixes e começos.
Em 2007, eles conseguiram indexar um milhão de livros. Então, numa
média de aproximadamente meio milhão de livros por ano, digitalizar
100 milhões de livros levaria cerca de 200 anos. Assumindo que o
Google saberia lidar com os desafios logísticos e legais e
finalizasse 7 milhões de livros a cada 6 anos, o ano mais aproximado
do término ainda seria 2092. No meio tempo, uma base usuária mais
ampla se apoiará em bibliotecas, ou coleções online do que já foi
digitalizado. Jogar fora bibliotecas físicas antes da digitalização
ser completa deixaria os clientes da biblioteca no limbo.
9.
Bibliotecas não são só livros
A
tecnologia está se integrando aos sistemas de bibliotecas, e não os
intimidando. Levando esse assunto ao seu extremo lógico (embora isso
seja pouco provável de não acontecer), nós poderíamos
eventualmente ver prateleiras inteiras de bibliotecas relegadas a
bases de dados, e ter livros apenas acessíveis digitalmente. Então
como isso deixa os bibliotecários? Eles estão sendo dominados pela
tecnologia, a inimiga sem fim do trabalho? Não dessa vez. Na
verdade, a tecnologia está revelando que o verdadeiro trabalho dos
bibliotecários não é apenas colocar os livros na estante. Ao invés
disso, seu trabalho envolve guiar e educar visitantes em como
encontrar informação, independente se estiver em livros ou em
formato digital. Tecnologia provê melhor acesso a informação, mas
é uma ferramenta mais complexa, geralmente requerendo know-how
especializado. Essa é uma especialidade do bibliotecário, uma vez
que eles se dedicam a aprender as técnicas mais avançadas para
ajudar visitantes a acessarem a informação efetivamente. Isso está
em sua descrição de trabalho.
10.
Dispositivos móveis não são o fim dos livros ou das bibliotecas
Previsões
sobre o fim do livro são uma resposta previsível para a
digitalização e outras tecnologias, e a bola de cristal de alguns
que são pró-papel parecem também revelar um concomitante
desmoronamento da civilização. Uma das últimas ameaças obscuras
ao papel (e à sociedade) parece ser o plano do Google de tornar
e-books disponíveis para download para dispositivos móveis. A
versão iPod do romance chegou. O Google já escaneou um milhão de
livros. Usuários dos trens japoneses estão lendo bestsellers
inteiros em seus celulares. O fim está próximo. Mas se o e-book
móvel é um hit e um fenômeno duradouro, é improvável que eles
serão uma transição para todos os tipos de leitores. O rádio
continuou a viver apesar da TV, o cinema ainda tem alta demanda
apesar do vídeo, as pessoas ainda falam no telefone apesar do
e-mail. Pessoas que gostam de livros de papel continuarão a ler
livros de papel mesmo se downloads móveis induzir a maioria dos
editores a liberarem e-books ao invés de papel. Afinal, uma imensa
reserva de livros impressos ainda será acessível aos leitores.
Aonde quer que as bibliotecas se enquadrem ao supor que e-books
móveis realmente substituam os livros impressos, a presença da
biblioteca digital continuará a ser extremamente importante, seja
baseada em papel ou eletronicamente.
11.
O hype de repente é só hype
Os
livros impressos não estão exatamente condenados, mesmo anos depois
da invenção do e-book. Na verdade, ao se contrastar os méritos
do e-book com os de um livro impresso, poder-se-ia
argumentar que os livros em papel são de fato um produto melhor.
Seria prematuro apagar as bibliotecas, os seus livros grátis em
função das previsões sobre a eminente proeminência dos e-books.
A sociedade poderia perder um valioso acesso a um meio confiável –
mesmo se os e-books vingarem.
12.
O atendimento das bibliotecas não está fracassando – é apenas
mais virtual agora
Com
aproximadamente 50,000 visitantes por ano, a visitação aos Arquivos
da História Americana (American History Archives) na Sociedade
Histórica de Wisconsin (Wisconsin Historical Society) caiu 40% desde
1987. Essa estatística, quando colocada sozinha, pode se provar
suficiente para qualquer pessoa que casualmente prevê o colapso das
bibliotecas. Mas é apenas metade da história. Os arquivos também
foram digitalizados e disponibilizados online. Todo ano a biblioteca
recebe 85,000 visitantes únicos online. O número de escolas online
oferecendo graduações online está constantemente aumentando
também. Várias dessas escolas estão melhorando também suas
bibliotecas virtuais.
13.
Como as empresas, as bibliotecas digitais ainda precisam de recursos
humanos
Mesmo
as empresas online contam com suporte de qualidade para as melhores
vendas e satisfação do cliente. A disponibilidade de e-mail,
telefone e chat ao vivo melhoram a experiência de pessoas que
procuram produtos e serviços. O mesmo vale para as pessoas que
procuram informações. Em troca do pagamento de impostos ou taxas da
biblioteca embutidos nas mensalidades da universidade, os membros da
biblioteca devem esperar um confiável “suporte ao cliente” em
troca de seus pagamentos. Os bibliotecários são de fato muito
importantes no atendimento aos seus visitantes. E ainda hoje não há
nenhum substituto equivalente para a biblioteca, que fornece acesso a
montanhas de conteúdo que não está disponível através de motores
de busca ou mesmo o Google Books Search, que só oferece trechos e
links para lojas onde os livros podem ser comprados.
14.
Nós simplesmente não podemos contar com bibliotecas físicas
desaparecendo
Bibliotecas
físicas nunca irão desaparecer. Mesmo que o Google Book Search
pegue o ritmo e as bibliotecas financiem seus próprios projetos de
digitalização, o futuro do espaço físico das bibliotecas continua
a ser necessário.
Isso
ocorre porque muitas bibliotecas ainda não estão digitalizando e
muitas nunca poderão digitalizar. Há uma boa razão: este processo
é caro. Numa estimativa baixa de 10 dólares por livro (e
provavelmente muito mais para obras mais antigas, mais delicadas),
digitalizar uma biblioteca inteira de, digamos, mais de 10.000 livros
– bem, é bastante caro. E para muitos usuários da biblioteca,
eles ainda dependem da tradicional abordagem eficaz para localizar
informações com computadores no local ou bibliotecários
disponíveis para ajudá-los.
15.
O Google Book Search “não funciona”
Se
a indexação ao estilo do Google para os livros de todo o mundo
espelhasse o bem conhecido serviço de busca da empresa, isto valeria
como um forte argumento contra a manutenção das bibliotecas.
Afinal, o Google tem uma grande tecnologia para pesquisar na web,
certo? Nós não poderíamos simplesmente ignorar as bibliotecas?
Mas
os especialistas lembram que o Google Book Search está longe de
garantir tais facilidades como é experienciado com o serviço de
busca na internet da companhia. Os elevados ideais da
informação-para-todos são impedidos não só por conta das ações
judiciais, mas pelo próprio desejo do Google de ser o poderoso
chefão. Eles não estão prestes a entregar o seu índice para os
outros concorrentes, como a Microsoft, Yahoo, Amazon e outros
projetos independentes de digitalização. O usuário perde por não
ser capaz de acessar tudo através do seu serviço preferido de busca
por livros digitalizados.
Ao
não conceder os arquivos digitais aos seus concorrentes, as empresas
que assumem esta abordagem competitiva e corporativa em relação ao
processo de digitalização, arriscam a sumirem do mapa, para bem
longe da filosofia da biblioteca pública. Enquanto isso, as
bibliotecas devem permanecer intactas e disponíveis ao público em
geral.
16.
Bibliotecas físicas podem se adaptar às mudanças culturais
A
Comissão Nacional de Bibliotecas e Serviços de Informação dos
Estados Unidos (NCLIS) é uma entre os muitos grupos que estudam e
debatem a função das bibliotecas físicas na era digital. Em
um simpósioda
NCLIS, no ano de 2006, foi criado um relatório que clama por uma
redefinição do que é o espaço físico da biblioteca. Menos como
“depósitos”, foi uma das conclusões, e mais como uma junção
de trabalho, aprendizado, ensino e novos tipos de programas.
17.
As bibliotecas físicas estão se adaptando à mudança cultural
Qualquer
pessoa subscrevendo as teorias do pensador do século 20 Marshal
McLuhan poderia dizer que, junto com as mudanças no padrão de vida
provocadas pelas tecnologias eletrônicas, o conhecimento que já foi
encerrado em livros e compartimentado em áreas temáticas, está
agora a ser livremente divulgado em uma explosão de democracia,
tornando obsoleto a austeridade do solitário, ecoando os corredores
da Biblioteca. Curiosamente McLuhan, que morreu em 1980, ainda disse
certa vez: “O futuro do livro é a sinopse”.
Na
verdade, esta mudança cultural antecede o uso generalizado da
internet, bem como o Google Book Search. Por décadas a sociedade vem
buscando uma compreensão mais holística do mundo, e maior acesso à
informação. A busca por novos métodos de organização das
estruturas educativas (incluindo as bibliotecas) tem sido ativa. E
apesar de as bibliotecas não estarem em muitas das listas pessoais
de “10 Mais Inovadoras”, elas têm se adaptado.
A
diretora de bibliotecas da Washington State University, Virginia
Steel, por exemplo, é uma defensora de maximizar a natureza social e
interativa do espaço físico da biblioteca. Grupos de estudo,
exposições de arte, lanchonetes e cafés – falar, e não
sussurrar; esta é a nova biblioteca. Não é obsoleta, é apenas
mudanças.
18.
Eliminar bibliotecas representaria um corte no processo de evolução
cultural
A
biblioteca que estamos mais familiarizados hoje – uma instituição
pública ou acadêmica que empresta livros gratuitamente – é um
produto da democratização do conhecimento. Anteriormente, os livros
nem sempre eram tão acessíveis, e as bibliotecas privadas ou os
clubes do livro, eram um privilégio dos ricos. Isso começou a mudar
durante o século XVII, com mais bibliotecas públicas surgindo e a
invenção do sistema de Classificação Decimal de Dewey para
padronizar os catálogos e índices.
As
bibliotecas começaram a florescer sob o olhar do presidente Franklin
Roosevelt, em parte como uma ferramenta para diferenciar os Estados
Unidos dos nazistas queimadores de livros. Este aumento do interesse
na construção de uma sociedade mais perfeita e liberal culminou em
1956 com o Ato dos Serviços de Bibliotecas, que introduziu o
financiamento federal pela primeira vez. Hoje, existem dezenas de
milhares de bibliotecas públicas nos Estados Unidos.
19.
A internet não é “faça você mesmo”
É
possível dizer que a internet presenteou a sociedade com um senso
vertiginoso de independência. Acesso a informação do mundo todo –
e máquinas de buscas gratuitas para poder pesquisar – traz a tona
a questão da necessidade de bibliotecários, moderadores e outros
mediadores; a rede, como parece, é um meio “faça você mesmo”.
Mas
uma rápida olhada nas forças motrizes da internet de hoje em dia
nos mostra algo diferente. A internet é intensamente social e
interativa, e criou comunidades de usuários que geralmente são bem
organizadas e integradas uma vez que são grandes. A internet está
servindo como ferramenta para que humanos preencham seus instintos
naturais de criação de comunidades – compartilhando, interagindo
e fazendo negócios.
A
economia online é dirigida em grande parte pela filosofia da web 2.0
de interação humana, revisão por pares e a democratização de
conhecimento e análise. Máquinas de buscas fazem o ranking de
páginas baseados em popularidade, plataformas de redes sociais
atraem milhões de visitantes por dia e a enciclopédia mais popular
da internet é escrita pelas mesmas pessoas que a lêem.
Como
a Wikipedia, as terras online de encontro mais populares são
geralmente as mais bem moderadas. Uma vez que bobagens e spammers são
uma parte inevitável de qualquer sociedade (física ou virtual), o
controle de qualidade ajuda a contribuir as melhores experiências
online. Boa cidadania entre comunidades online (contribuição
inteligente para a discussão e não spam) é um modo muito seguro de
melhorar sua reputação como um membro útil do grupo. Para ser
adotado, esse tipo de ambiente deve ser moderado.
Interessantemente,
o papel do moderador é muito paralelo ao do bibliotecário: para
salva-guardar um ambiente no qual o conhecimento pode ser acessado e
idéias possam ser partilhadas.
A
noção de que bibliotecas são algo do passado e que a humanidade
abriu suas asas e vôou para uma nova era de verdade auto-guiada nada
mais é do que ridícula. Infelizmente, é esta mesma noção que
levaria ao desmembramento das bibliotecas como bagunçadas e datadas.
Na realidade, a qualidade da rede depende da direção de um modelo
acadêmico, um modelo de biblioteca. Enquanto os moderadores têm
como melhorarem o novo e selvagem cenário cibernético, os
bibliotecários já trilharam partes significantes desta viagem.
20.
A sabedoria das multidões não é confiável, por causa do ponto de
desequilíbrio
A
alta visibilidade de certos pontos de vista, análises e mesmo fatos
encontrados online através dos sites de redes sociais e wikis é
construída – idealmente – para ser o resultado do consenso do
grupo. O algoritmo do Google também se baseia nesse princípio
coletivo: no lugar de um expert arbitrariamente decidir qual recurso
é o mais “importante”, deixe que a web decida. Sites com alta
popularidade de links tendem a ser os primeiros do ranking nos
motores de busca. O algoritmo é baseado no princípio de que o
consenso do grupo revela uma melhor e mais acurada análise da
realidade do que um único expert poderia fazer. O escritor James
Surowieki chamou isso de “sabedoria das massas”.
Em
um vácuo, as multidões são provavelmente muito sábias. Mas muitas
vezes nós percebemos a advertência da sabedoria das multidões de
James Surowiecki no “ponto de desequilíbrio” de Malcolm
Gladwell, que, neste contexto, explica que os grupos são facilmente
influenciados pela sua vanguarda – aqueles que são os primeiros a
fazer alguma coisa e que têm automaticamente influência extra,
mesmo que o que estejam fazendo não seja necessariamente a melhor
idéia.
A
natureza altamente social da web, portanto, torna altamente
suscetível, por exemplo, o sensacionalismo, a informação de baixa
qualidade, com o único mérito de ser popular. Bibliotecas, em
contrapartida, fornecem controle de qualidade na forma de um
substituto a esta questão. Apenas a informação que é
cuidadosamente analisada é permitida. As bibliotecas são propensas
a permanecer separadas da Internet, mesmo que elas possam ser
encontradas online. Portanto, é extremamente importante que as
bibliotecas continuem vivas e bem, como um contraponto ao populismo
frágil da web.
21.
Bibliotecários são as contrapartes insubstituíveis dos moderadores
da web
Os
indivíduos que, voluntariamente, dedicam o seu tempo para moderar
fóruns e wikis estão desempenhando um papel semelhante aos
bibliotecários que supervisionam as estantes – e aqueles que
visitam as estantes.
A
principal diferença entre os bibliotecários e os moderadores é
que, enquanto os primeiros guiam os usuários através de um conjunto
de obras altamente autoritativas, publicadas, o moderador é
responsável por tomar o leme quando o consenso é criado. Apesar de
os papéis serem distintos, cada um está evoluindo junto com o
crescimento rápido da Internet e a evolução das bibliotecas. Ambos
moderadores e bibliotecários terão muito a aprender uns com os
outros, por isso é importante que ambos se aproximem.
22.
Ao contrário dos moderadores, os bibliotecários devem delimitar a
linha entre bibliotecas e a Internet
Evidentemente,
as bibliotecas já não são tanto do ponto de partida e término de
toda a pesquisa acadêmica. A Internet está efetivamente puxando os
alunos para longe das estantes e revelando uma riqueza de
informações, especialmente para quem está equipado com as
ferramentas para encontrá-la. Na verdade, o sonho de eliminar o
intermediário é possível de atingir. Mas a que preço?
A
literacia mediática, apesar de ser um ativo extremamente importante
para os estudiosos e pesquisadores, está longe de ser universal.
Quem vai realizar a educação midiática? Muitos argumentam que os
bibliotecários são os mais indicados para educar as pessoas sobre a
web.
Afinal,
os moderadores da web estão preocupados principalmente com o
ambiente que eles supervisionam e menos com o ensino de habilidades
web para estranhos. Os professores e os pesquisadores estão ocupados
com suas disciplinas e especializações. Os bibliotecários,
portanto, devem ser os únicos que atravessam a internet para tornar
a informação mais facilmente acessível. Em vez de eliminar a
necessidade de bibliotecários, a tecnologia está a reforçar a sua
validade.
23.
A internet é uma bagunça
Como
um website pró-bibliotecário coloca, “A internet em pouquíssimas
maneiras se assemelha a uma biblioteca. A biblioteca oferece um
conjunto claro e padronizado de recursos facilmente recuperáveis”.
Apesar
da natureza um pouco combativa desta frase, sua premissa é
essencialmente correta. Apesar das melhorias na tecnologia de
pesquisa e a criação de sites surpreendentemente abrangentes como a
Wikipedia, a internet ainda é, em muitos aspectos, um vale-tudo.
Inundada com sites provenientes de todos os tipos de fontes que,
inexplicavelmente, definham ou galopam por posições no topo dos
rankings, a web é como um velho oeste super populoso. Muitas pessoas
confrontam este caos com exemplos populares de sites de redes sociais
ou grandes, complexos e altamente bem sucedidos esforços de
organização da informação(Google, Wikipedia, et al). Mas, apesar
desses esforços, um volume de páginas questionáveis ainda tende a
ser oferecido em muitos resultados de pesquisa, e a credibilidade de
cada fonte inerentemente acessada deve ser questionada.
Não
que isso seja uma coisa ruim. Os oceanos da informação, a incerteza
e a espontaneidade na web pode proporcionar uma experiência
excitante e enriquecedora. Mas se você precisa limitar a sua
pesquisa aos recursos logicamente indexados que foram publicados e
avaliados por uma equipe de profissionais, a biblioteca ainda é a
melhor aposta.
24.
A internet está sujeita à manipulação
Ao
mesmo passo que as mentes brilhantes por trás do Google estão vindo
acima com um algoritmo de busca melhor, as mentes brilhantes de
otimizadores de motores de busca continuarão a burlá-lo. Isto
poderia envolver estar em conformidade com as normas de qualidade do
Google, ou, em muitos casos, contornando-as. É importante que o
usuário tenha em mente as limitações do Google. Em muitos casos, o
gigante das buscas é bem sucedido ao servir boa informação. Mas em
muitos casos, ainda está aquém.
Em
contraste, é extremamente difícil penetrar nos índices das
bibliotecas. Livros, periódicos e outros recursos devem ser nada
menos do que material publicado de alto calibre. Se não forem, eles
simplesmente não entram.
Além
disso, o incentivo econômico para manipular as coleções de
bibliotecas é muito menos intenso do que na internet. Estima-se que
apenas 4% dos títulos de livros sejam rentabilizados.
Enquanto
isso, o Google sozinho consegue ganhos incríveis com publicidade
online, para não mencionar todos os outros se posicionando por um
pedaço da torta da Internet.
Mas
as bibliotecas simplesmente não estão enfrentando esse tipo de
pressão. Sua maneira de fornecer informações, portanto, será
menos influenciada por interesses corporativos.
25.
As coleções de bibliotecas empregam um sistema bem formulado de
citações
Livros
e revistas encontrados em bibliotecas foram publicados sob diretrizes
rigorosas de citação e precisão e, assim, são permitidos em
coleções das bibliotecas.
Estes
padrões simplesmente não são impostos aos sites. Eles podem
aparecer nos resultados de pesquisa independente de fornecerem
citação. Com bastante pesquisa, a precisão dos recursos da web
muitas vezes podem ser determinados. Mas perde-se muito
tempo. As bibliotecas realizam pesquisas muito mais eficientes.
26.
Pode ser difícil isolar informações concisas na internet
Determinadas
áreas, como condições médicas ou aconselhamentos financeiros são
muito bem mapeados na web. Sites de qualidade para áreas mais
marginais, no entanto, são menos fáceis de encontrar através de
pesquisa na web. Seria preciso saber qual site se deseja visitar, e o
Google não vai necessariamente servir exatamente o que você está
procurando.
A
Wikipedia, que possui um bom ranking para uma ampla variedade de
áreas especializadas, está melhorando a concisão da web. Mas a
Wikepedia é apenas um site, que qualquer pessoa pode editar, e sua
veracidade não é garantida. Bibliotecas mantêm coleções
indexadas de materiais de pesquisa muito mais abrangentes e concisas.
27.
As bibliotecas podem preservar a experiência do livro
Consumir
900 páginas sobre a história intelectual da Rússia é uma
experiência única para o livro. Em geral, o livro fornece um foco
de estudo, porém abrangente, que resume anos de pesquisa de um autor
– ou a equipe de autores – que dedicaram sua vida acadêmica a
uma área temática específica.
Através
do Google Book Search, a internet pode ser uma ferramenta para
descobrir onde comprar um livro. Resultados de buscas normais revelam
também uma variedade de revendedores de livros, cursos acadêmicos
ou projetos web a serem apresentados.
Mas
mesmo quando a internet oferece conteúdo real (como em uma pesquisa
sobre a história da Rússia) a informação é muitas vezes pequena
ou superficial – uma espécie de consulta de referência rápida. O
conhecimento pode ser encontrado, mas a experiência de mergulhar em
um livro de centenas de páginas não acontece online. A preservação
das estantes, consequentemente, ajudará a preservar o acesso a esta
forma de aprendizagem e a forma mais tradicional de aprendizagem pode
continuar lado a lado com a novo.
28.
Bibliotecas são estáveis, enquanto a Web é transitória
Em
um esforço para melhorar o seu serviço e derrotar os spammers, os
motores de busca estão constantemente atualizando seus algoritmos.
Muitas vezes, porém, os danos colaterais irão nocautear sites
inocentes, incluindo, talvez, recursos autoritativos. Além disso,
sites comumente saem do ar ou alteram seus endereços. Outros sites
que apontam para esses recursos (que eram bons) podem facilmente e
sem querer agrupar um sem número de “links quebrados”. Esses
sites podem permanecer sem qualquer edição por anos. As
bibliotecas, por outro lado, têm um estoque seguro de recursos
disponíveis e um sistema de indexação padrão que oferece
resultados estáveis e confiáveis de forma consistente.
29.
As bibliotecas podem ser surpreendentemente úteis para as coleções
e arquivos de notícias
Em
muitos aspectos, as bibliotecas ficam aquém da Internet quando se
trata de agregar conteúdo de notícias. A TV, rádio e jornais
online – para não mencionar a abundância de blogs referenciando e
comentando sobre os acontecimentos diários em todo o mundo –
muitas vezes pode saciar qualquer pessoa.
Enquanto
isso, as bibliotecas continuam a assinar e armazenar uma determinada
lista de jornais, e arquivam as edições anteriores. Este esforço
pode parecer humilde ao lado dos longas listas de agregadores de
notícias online e acesso instantâneo a artigos publicados em tempo
real.
No
entanto, a catalogação de notícias por uma biblioteca pode
fornecer uma série de vantagens. Para começar, muitas publicações
continuam a existir offline. Para quem procura um artigo específico
de um jornalista específico, uma biblioteca poderia render melhores
resultados – mesmo que a publicação tenha que ser rastreada
através de empréstimo entre bibliotecas.
Bibliotecas
frequentemente fornecem livremente exemplares de periódicos
importantes que de outra maneira exigem assinaturas on-line, como
muitas seções do New York Times.
Além
disso, normalmente os arquivos desaparecem offline, ou tornam-se cada
vez mais caros online. (Experimente a busca do Google News Archive).
Isto pode deixar as bibliotecas com as únicas cópias acessíveis.
30.
Nem todo mundo tem acesso à internet
Nas
nações menos desenvolvidas ou mesmo nas regiões mais pobres dos
Estados Unidos, acessar a biblioteca é quase sempre o único jeito
de um indivíduo realizar uma pesquisa séria. Há pelo menos duas
principais razões pelas quais a internet talvez não seja sequer uma
alternativa ilusória às bibliotecas. Primeiramente, acesso online
pode ser muito mais difícil do que o acesso à biblioteca. Uma
biblioteca pública pode ter pelo menos um computador, enquanto
outros pontos de acesso à internet podem cobrar alguém que
simplesmente não possui meios de pagar pelo acesso. Em segundo
lugar, mesmo se o acesso à internet for obtido, o lapso de educação
tecnológica nas áreas pobres do mundo irá deixar a tecnologia
muito menos útil do que seria para uma pessoa com mais experiência
de navegação na web.
31.
Nem todos podem pagar pelos livros
Fora
dos países desenvolvidos, os livros são mais raros e muitas vezes
mais caros do que suas contrapartes de primeiro mundo. Compondo o
problema está um incrivelmente baixo salário mínimo, tornando o
custo real dos livros astronômicos. A biblioteca pública, sempre
que ela existe, portanto, torna-se muito mais crucial para a
democratização da informação.
Como
os Estados Unidos tende a ser um líder de tendências, especialmente
em termos tecnológicos, deve ressaltar a importância das
bibliotecas, mesmo quando a tecnologia avança. Divulgar a cultura de
aparelhos eletrônicos sobre os livros pode colocar em risco a
existência de bibliotecas tradicionais, deixando os pobres sem
livros ou estas tecnologias.
32.
As bibliotecas são um substituto para o anti-intelectualismo
Não
é que a internet seja anti-intelectual; suas raízes acadêmicas e a
imensa quantidade de sites acadêmicos com certeza atestam que seja
um meio inteligente. Mas para alguns, o imediatismo sedutor da
internet pode levar à falsa impressão de que apenas a discussão
imediata, interativa e simultânea possui valor. Livros empoeirados
em prateleiras altas parecem então representar o conhecimento
estagnado, e seus curadores (bibliotecários), ultrapassados. Os
livros e a leitura facilmente são considerados elitistas e inativos,
enquanto o blog torna-se o aqui e agora.
Mas,
como mencionado anteriormente, nem tudo está na internet. O acesso
aos livros e teorias de centenas de anos de história cultural é
essencial para o progresso. Sem isso, a tecnologia poderá se tornar
a ferramenta irônica das tendências culturais sensacionais e
retrógradas. Preservar bibliotecas para armazenar o conhecimento e
ensinar as limitações da tecnologia pode ajudar a evitar a
arrogância e o narcisismo da novidade tecnológica.
33.
Livros antigos são valiosos
A
idéia de uma biblioteca se tornar um “museu de livros” na era da
digitalização é, às vezes, lançada como um discurso apocalítico.
Isso é um pesadelo real para os bibliotecários. O termo insinua
que, ao invés de se tornar contemporânea e útil, as bibliotecas
poderiam se transformar em fetiches históricos como discos de vinil
ou máquinas de escrever. Em vez de se manterem como profissionais de
pesquisa, os bibliotecários seriam forçados a se tornar “curadores
de museus” – ou, mais provavelmente, perderiam seus empregos. Mas
se a evolução da biblioteca caminha no sentido de se tornar um
lugar interativo para eventos culturais e troca de idéias, a
preservação e exibição de relíquias literárias poderiam ser
mais uma faceta da sua importância (e também, intriga). De fato,
livros antigos não têm somente valor monetário, mas são parte da
memória cultural e histórica que não deve ser perdida para a
digitalização.
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