Confesso que sou exigente
Nem tudo me deixa contente
Me dizem, "Coroa,
Tu implicas à toa" --
Mas sei com que implico, viu, gente!
Coisas com que implico e não gosto
É bafo de fumo no rosto!
-- Se tu queres fumar --
Sopra fumo pro ar --
Não me imponhas esse desgosto!
Quem as minhas coisas pegar
Sem repô-las no mesmo lugar
Me irrita de fato!
Não deixo barato --
Não posso deixar de implicar!
Com quem vive sempre a falar
Andando, no seu celular,
Em casa e na rua,
No carro e "na lua",
Implico sim, não vou negar!
Implico e não acho bonito --
Até acho pra lá de esquisito --
Pra livrar um dente
Usar de repente
A unha em lugar de palito.
Implico com moça educada
Bonita e bem arrumada
Que, toda coquete,
Rumina chiclete,
Com a boca aberta e pintada.
Implico com um infeliz
(Que pensa que sabe o que diz)
Que funga e espirra,
E que só de birra
Não quer assoar o nariz.
Implico com quem, sem um fim,
Pergunta, "Te lembras de mim?
Qual é o meu nome?"
Dizer -- "Vê se some!"
Quero eu responder, isso sim!
Implico com o desavisado
Que me estende a mão, enfastiado,
(Sem ser cordial,
Apenas formal)
Mão mole, qual trapo molhado.
Com quem leva livro emprestado
(Pra quem devolver "é pecado!")
Figura danosa --
Eu fico furiosa!
Implico! É este o recado.
Será que eu já disse o bastante?
Dá pra perceber num instante
Quem sem discutir
Tenho que admitir:
Sou uma "coroa implicante"...
Mas entre parênteses, digo --
Veja se concorda comigo:
Na realidade
Há certa verdade
Nas tais implicâncias, amigo!
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