Projeto Poesia às segundas-feiras


MURRAY, Roseana ; CASTANHA, Marilda (Ilust.) Felicidade São Paulo, FTD, 1995. 48p.

Toda história de amor
tem beijos, corações entrelaçados,
sonhos, palpitações.

Às vezes a história dá certo: um
homem e uma mulher
colam sua vida uma na outra.

Cada um traz a própria história: seus
retratos, suas lembranças,
sua infância, seus secretos pensamentos.

No dia do casamento
o futuro é como um planeta
desconhecido, uma gaveta imensa
de onde sairão filhos e filhas,
ilhas de sonhos e felicidade.

Na casa em que vão morar
tudo é novidade: o jeito que cada
um faz as coisas, o jeito
que cada um arruma e desarruma
as flores e os armários.

Tem dias em que tudo é fácil,
em outros é tempestade.
Palavras são perigosas
pelo tanto que possum
de mel e de veneno

E a vida vai seguindo o seu curso,
de segunda a domingo,
como as águas de um rio.

Um dia chega o primeiro
bebê trazendo
consigo o mistério do universo.

A casa se agita, se enche de
fraldas, novos cheiros, choros,
noites maldormidas.

No silêncio da madrugada,
com o filho aconchegado no 
peito, o pai sonha mim e uma
aventuras para o seu filho.

No mundo emaranhad0o
dos sonhos o pai desenha o mapa
do futuro para o seu filho.

Alguns anos se passam.
A vida é como um novelo.
Agora chegou outro filho.
Sentimentos confusos
passeiam pela casa.

O irmão que ja é um pouco grande
olha o bebê com terror e paixão.
Quem é esse que chega não se
sabe de onde para tirar o seu lugar?

Irmão é palavra imensa, é mão na
mão, mesmo que às vezes se
arranhem, rolem pelo chão com raiva.

Irmão é a certeza de um amor
companheiro nos dias complicados.
É um aliado para tocar o barco da vida.

Tem pai e mãe que ficam juntinhos
a vida inteira, até bem
velhinhos, sem nunca se separar.

Mas às vezes o novelo se rompe
e o pai e a mãe decidem seguir
cada um o seu próprio caminho.

Mesmo que seja difícil
para que um não destrua o outro é
melhor se separar.

A casa se divide em duas casas.
No começo não há sol nem há luar.
No coração dos filhos
o temporal demora a passar.

Felicidade é frágil borboleta
mas sempre se recompõe.
Semente mágica em novo casulo

A namorada do pai,
o namorado da mãe, os filhos dos
outros casamentos, que a 
gente olha enviesadamente como
um navio de bandeira]
inimiga até a desconfiança passar.

Seja qual for o caso da sua casa,
tire do casulo mágico a borboleta
felicidade, porque felicidade é 
sempre palavra azul, mar
montanha, vento, e a gente é quem
escolhe se vai ou não vai usar.

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