ANDRADE, Carlos Drummond de. Episódio. IN: A rosa do povo. 31a. ed., Rio de Janeiro, Record, 2006.
Manhã cedo passa
à minha porta um boi.
De onde vem ele
se não há fazendas?
Vem cheirando o tempo
entre noite e rosa.
Pára a minha porta
sua lenta máquina.
Alheio à polícia
anterior ao tráfego
ó boi, que conquistas
para outro, teu reino.
Seguro teus chifres:
eis-me transportado
sonho e compromisso
ao País profundo.
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