Projeto Poesia às segundas-feiras

Minha terra
Quanto é grato em terra estranha,
Sob o céu menos querido,
Entre feições estrangeiras,
Ver um rosto conhecido;

Ouvir a pátria linguagem
Do berço balbuciada,
Recordar sabidos casos
Saudosos – da terra amada!

E em tristes serões d'inverno,
Tendo a face contra o lar,
Lembrar o sol que já vimos,
E o nosso ameno luar!


Certo é grato; mais sentido
Se nos bate o coração,
Que para a pátria nos voa,
P'ra onde os nossos estão!

Depois de girar no mundo
Como barco em crespo mar,
Amiga praia nos chama
Lá no horizonte a brilhar.

E vendo os vales e os montes
E a Pátria que Deus nos deu,
Possamos dizer contentes:
Tudo isto que vejo é meu!

....

Meu este sol que me aclara,
Minha esta brisa, estes céus
Estas praias, bosques, fontes,
Eu os conheço – são meus!

Mais os amo quando volte,
Pois do que por fora vi,
A mais querer minha terra
E minha gente aprendi.

Paris, 1864

DIAS, Gonçalves; GUIDIN, Márcia Lígia (Org.) Poesia lírica e indianista. São Paulo, Ática, 2003, p.108-9 (Bom Livro)

Comentários