A Jorge Amado
A poesia é nosso pai que chega ao anoitecer
Sob chuva torrencial e nos murmura
Uma canção plangente que compôs para uma pequenina
Colher de prata.
Nosso pai queria sustar a chuva de setembro com uma
colherinha e a tempestade transformou o seu espírito
no de um bobo velho.
A poesia é:
Um pai haitiano que perde o juízo
Por uma colherinha que se fez canção
Sob chuva que tomba violenta
Vizinha a nossa infância!
O poeta em Cuba
1976
DEPESTRE, Rene. IN: FARIA, Idelma de Faria (organização e tradução). T.S. Eliot, Emily Dickinson, Rene Depestre: seleção. São Paulo, Hucitec, 1992. p.169
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