A biblioteca pública e a formação do público leitor


Richard Bamberger, ao analisar, em seu livro Como incentivar o hábito de leitura, as razões por que em certos países se lê muito mais do que em outros, viu que estas se revelaram nos seguintes fatores:
  • a posição do livro na escala de valores do país, ou seja, o livro deve estar presente nos grandes planos nacionais e, conseqüentemente, incluído nos devidos orçamentos;
  • a tradição cultural;
  • as oportunidades de leitura;
  • o papel representado pelos livros nas escolas e no sistema educativo.
De acordo com o autor acima mencionado, é fácil comprovar o relevante papel que o profissional da informação deve desempenhar, principalmente trabalhando em biblioteca pública e escolar, para disseminar a propagação de uma política de leitura. Historicamente se comprovou que os modelos importados dos países desenvolvidos nem sempre são adequados à nossa realidade.
A literatura existente sobre o hábito de leitura no Brasil aponta dois caminhos distintos. O primeiro, é que parte expressiva da população não tem o hábito de ler, devido principalmente aos problemas sociais e educacionais existentes. O segundo, indica que nunca se leu tanto no país, baseado no desenvolvimento da indústria editorial e, principalmente, nas tiragens expressivas de algumas revistas semanais.
Não existe ainda um diagnóstico científico com indicadores relevantes sobre o papel que a biblioteca pública desempenhou no crescimento da indústria editorial e na formação de um público leitor. Os dados estatísticos existentes são extremamente falhos, pois apenas apontam indicadores quantitativos baseados na consulta de livros e no empréstimo domiciliar.
Além dos problemas acima citados, devemos acrescentar que nos grandes centros urbanos as bibliotecas públicas foram construídas no centro das cidades, esquecendo-se das populações suburbanas ou rurais. Acresce, ainda, ao problema das bibliotecas públicas, o fato de, geralmente, elas não serem unidades orçamentárias, o que prejudica enormemente a atualização do acervo e a capacitação dos recursos humanos.
Tradicionalmente, no Brasil, elas desempenham atividades que deveriam ser executadas por bibliotecas escolares. A falta da biblioteca escolar faz com que os estudantes sejam quantitativamente os maiores usuários das bibliotecas públicas e os recursos existentes passam a ser prioritários para o atendimento estudantil, como a aquisição de material didático e a especialização do pessoal na elaboração de atividades de ensino. Geralmente, há um vício na pesquisa escolar realizada na biblioteca pública, pois é baseada na cópia de dicionários e enciclopédias, atividades que não são condizentes com a formação de um público leitor.

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